Entao me diz qual é a graça...

Hoje me dei conta (na verdade como reflexo do final de semana) que só a gente sabe o que o nosso futuro nos reserva. Pode parecer meio obvio e claro mas acho que finalmente eu tomei consciencia disso. Vou contar como cheguei a essa conclusao.

Quando voltei da India, fui na cartomante, na tentativa de encontrar uma ajuda para a minha decisao de voltar para la ou ficar por aqui. Depois de tudo, decidi, por mim, ficar. Ai fui procurar um medico ayurvedico para saber meu perfil e entao conseguir encontrar o equilibrio, ficar mais tranquila etc. De novo depois de 3 horas de consulta, ficou claro que nao ia ser ele quem ia me trazer isso, e sim todo o meu esforço em aplicar conhecimentos que eu já sabia a meu favor.

Este final de semana, fui em uma astrologa/numerologa/cartomante para saber como estava o meu mapa, o que o retorno de saturno ia me trazer, enfim, saber mais sobre mim. Ela me falou um montao de coisas, a maioria delas eu inclusive ja sabia. Sai de la feliz com as respostas que ela me deu. Mas ai depois de algumas conversas e acontecimentos é que a ficha caiu... Para que saber isso? Será que eu já nao sabia? Será que no final nao é tudo ponto de vista e interpretaçao? E que poder de profecia auto-realizadora que tudo isso tem, que é como se eu tivesse que vivenciar as coisas q essas pessoas me falaram para justificar o diagnostico? ( Como se tivessem me falado que eu sou um et, e eu inconscientemente ( ou conscientemente) buscasse situaçoes que me levassem a creer que isso é uma verdade absoluta e imutavel. )

Refletindo muito sobre esse jeito de buscar respostas decidi: quem sabe do meu perfil e do meu futuro sou eu, ou no maximo um terapeuta que pode me auxliar no meu processo de auto-descobrimento. A maioria das vezes nós estamos algo e nao somos algo (estou inconstante, nao sou inconstante), existe o livre arbitrio e como já dizia a musica do Paulinho Moska que escutei hoje cedo e que resume tudo isso: “Entao me diz qual é a graça, de ja saber o fim da estrada, quando se parte rumo ao nada” . Sem julgar, deixo para tras todos essas minhas tentativas de encontrar respostas prontas e soluçoes mágicas para minhas duvidas e continuo na busca do auto-conhecimento, por mais doido que possa ser e mais profundo que eu tenha que ir. (bom, o Taro do Osho continua pq na verdade ele é uma ferramenta de reflexao e meditaçao :-) - como dizia a ultima carta que tirei: Por que perdemos tanto tempo nos preocupando, se finalmente vamos da nao-materialidade para a nao-materialidade?)

Por isso, ao inves de buscar a pessoa que pode me ajudar energeticamente, só com as minhas roupas, a curar as minhas magoas, decidi que eu Mari, de verdade, continuo a meditar, volto para a terapia, para a Yoga e começo as aulas de violao!! :-)

Ai vai a musica do Paulinho inteira ( como ele é muito amigo do Jorgito pode!)
A seta e o Alvo
Eu falo de amor à vida, você de medo da morte Eu falo da força do acaso e você, de azar ou sorte Eu ando num labirinto e você, numa estrada em linha reta Te chamo pra festa mas você só quer atingir sua meta Sua meta é a seta no alvo Mas o alvo, na certa não te espera Eu olho pro infinito e você, de óculos escuros Eu digo: que te amo e você só acredita quando eu juro Eu lanço minha alma no espaço, você pisa os pés na terra. Eu experimento o futuro e você só lamenta não ser o que era E o que era ? Era a seta no alvo Mas o alvo, na certa não te espera Eu grito por liberdade, você deixa a porta se fechar Eu quero saber a verdade, e você se preocupa em não se machucar Eu corro todos os riscos, você diz que não tem mais vontade Eu me ofereço inteiro, e você se satisfaz com metade É a meta de uma seta no alvo Mas o alvo, na certa não te espera Então me diz qual é a graça De já saber o fim da estrada Quando se parte rumo ao nada ? (solo) Sempre a meta de uma seta no alvo Mas o alvo, na certa não te espera Então me diz qual é a graça De já saber o fim da estrada Quando se parte rumo ao nada...

Enquanto planejamos...

Desde sábado tento escrever um texto, acho que essa é a terceira vez que começo, mas parece que agora sim vou conseguir terminar...

Ontem fui meditar e sempre tem uma palestra com a monja responsavel pelo templo, e o tema de ontem veio como a gota d'agua final para toda a reflexao do final de semana: O apego. Já na sexta eu falava da questao de como tenho mil certezas e planos, que finalmente nem acabam por se concretizar. E ela, no domingo, falava justamente isso, que nao so nos apegamos a pessoas, a objetos, se nao tb a fatos e eventos sejam eles passado, presente ou futuro. Por orgulho, por ciumes ou por posse, nos cegamos e criamos uma realidade que satisfaz apenas nosso ego... diferente do amor que quer apenas a felicidade, o apego olha somente para nossa propria satisfaçao...

Fiquei pensando ( e sentindo tb) esse meu desejo por tentar ter certeza das coisas, de controlar, de achar que tudo tem um jeito de ser e se nao é daquele jeito é pq nao esta certo. Quantos julgamentos e crenças estão por tras destes pensamentos, que mais do que ajudar, atrapalham. Lendo uma das historias do meu livro (olha o apego!!rsrs) que acabei e continuo recomendando muitoooo, Yalom falava exatamente disso, um homem tinha tanta certeza do conteudo de 3 cartas que nem sequer as abre, e a partir dai cria toda uma historia fantastica, que finalmente nao passa de uma ilusao conspiratória baseada na sua percepçao da realidade. Uma vez abertas, estas cartas trazem um conteudo completamente diferente, muito mais feliz do que o cenario pessimista criado por ele.

Com tudo isso refleti muito hoje (enquanto tentava trabalhar) do quanto é importante o exercicio de viver o presente, abrir mao das crenças e "verdades" do passado e tentar ao maximo estar conectada comigo... Lendo um livro muito interessante hoje de manha, me deparei com um desenho de duas pessoas se atirando do alto e no fundo tinha um pessoa meditativa e a explicaçao era de que quando nos lançamos no vazio da experiencia nosso interior sabe muito bem para onde ir, se abrindo para a transformaçao, sem exercer nenhum controle...

Acho que no final, tudo tem seu tempo... até mesmo um texto :-)

Bom, e como Jorgito tem tema para TUDO, segue uma musica que fala exatamente de tudo isso:

Inoportuna
Quien no lo sepa ya, lo aprenderá de prisa:
la vida no para,no espera, no avisa.
Tantos planes, tantos planes vueltos espuma
tu, por ejemplo,tan a tiempo y tan inoportuna
Eran más bien los días de arriar las velas.
Toda señal a mi alrededor decía: cautela.
Cuánta estrategia incumplida aquella noche sin luna
tu, por ejemplo,tan bienvenida y tan inoportuna
¿Quien sabe cuándo,cuándo es el momento de decir: ahora?
Si todo alrededor te está gritando:¡Sin demora, sin demora!

sobre cores e palavras

Acordei segunda, coloquei uma calça cinza, uma blusa cinza um pouco mais clara e uma blusa de la cinza mais forte. Cheguei no trabalho e comecei a reparar que a maioria das pessoas estava usando as mesmas cores que eu... como nao usamos uniforme (aliás, acabo de lembrar que o ultimo uniforme que usei foi no colegio, que por sinal era lindo, de um roxo indescritivel!!hehe) comecei a buscar o porque dessa coincidencia e ai foi só olhar pela janela e ver que lá fora o dia estava exatamente da mesma cor que todos nós!!! Isso me fez pensar como é interessante o impacto que o ambiente externo tem na gente, sem que a gente nem se de conta disso, pois imagino que nenhuma daquelas pessoas, assim como eu, pensou " ah o dia esta feio, cinza, acho que vou colocar uma roupa da mesma cor!!". Fiquei pensando que, se o tempo faz isso com a gente, imagina todas as coisas que acontecem a nossa volta?? Por exemplo, os lugares aonde andamos, as noticias que lemos, as pessoas com quem nos relacionamos. E fazendo um link com o texto anterior, nessa busca de conexao com a gente mesmo, estamos constantemente sendo impactos por esse ambiente, uma vez que somos seres sociais e nos relacionamos o tempo todo.

Justamente no final de semana estava pensando a respeito dessa coisa das relações e de como a interação com o outro é importante (pelo menos para mim). Tem um porteiro aqui no predio que sempre que eu passo pela portaria falamos de futebol. Comecei a pensar que, tem quase um ano que moro aqui e nós nos falamos praticamente todos os dias (e bastante pq ele sempre me para e a gente discute algo sobre esse tema que by the way pouco domino ultimamente). Apesar disso, eu nao tinha a menor ideia de onde ele era, sua idade, se tinha familia, se era feliz!!! Falo mais com ele do que com muitas amigas minhas inclusive!!! Entao comecei a olhar para outras situaçoes e me dei conta de que, para criar um contato com o outro, acabamos buscando algo que nos faça conectar com seu mundo para a partir dai criar uma relaçao significativa e mais profunda. Acho que essas reflexoes vem muito por causa do livro, pois ele mostra o grande turbilhão que é esse mundo das relações e da interação!! Tem sido muito bacana buscar estar presente nesses momentos também, nao só em contato comigo, mas em contato com o outro, sobrepondo essa linha tenue e invisivel que separa as pessoas... Buscando perceber como me sinto, meus julgamentos, minhas mascaras, minhas verdades ou seja, me descobrindo por meio desse outro que tb esta vivendo , nessa troca consciente ou inconsciente comigo, esse impacto...

Bom, para vcs saberem, ontem passei a linha e mudei de assunto com ele! E foi muito bacana saber que ali por tras daquele palmeirense, tem alguem de 36 anos que veio de Recife já tem 15 anos e acha que SP é que nem coraçao de mae, que ama essa cidade assim como eu, que tem uma familia grande e que nao se ve saindo daqui de jeito nenhum!! Acho que esse foi um passo importante em nossa relação ;-) uma vez q como porteiro ele sabe mais da minha vida as vezes do que eu posso imaginar!!hehe!!!

Acho que hoje era isso, essa semana fiquei refletindo sobre esses temas... E como nao poderia deixar de mencionar meu amor Jorgito, atendendo a pedidos, coloco aqui a prova de nosso amor e nosso encontro inesquecivel ;-)
Segue a letra de uma musica linda cantada por ele e pelo Moska que tem muito a ver com o post

Dos Colores: Blanco Y Negro
Paulinho Moska
Composição: Jorge Drexler

Nuestra primera intención,Era hacerlo en colores:Una acuarela que hablara De nuestros amores.Un colibri polícromo Parado en el viento,Una canción arcoiris Durando en el tiempo.
El director de la banda Silbando bajito Pensaba azules y rojos Para el valsecito.
Pero ustedes saben, señores, Muy bien cómo es esto;No nos falló la intención,Pero sí el presupuesto...
En blanco y negro Esta canción Quedó en blanco y negro Con el corazón,En blanco y negro, Nieve y carbón,En blanco y negro,En technicolor,Pero en blanco y negro...
Fuimos quitando primero De nuestra paleta Una mirada turquesa De marco violeta.
Luego el carmín de las flores Encima del piano,Una caída de sol Cuando empieza el verano.
Todos los tipos de verde De una enredadera...Ya ni quedaban colores Para las banderas.
Nuestrar intención ya no fué Más que un viejo recuerdo Y esta canción al final Se quedó en blanco y negro.
En blanco y negro Esta canción Quedó en blanco y negro Con el corazón, En blanco y negro, Nieve y carbón, En blanco y negro, En technicolor, Pero en blanco y negro...