Friday, November 12, 2010

Comer, Rezar e Amar



Decidi escrever um post sobre o filme Comer, Rezar e Amar, já que, como o Gui mesmo disse, muita gente me disse que lembra de mim quando assiste o filme ( porque imagino que meus amigos não tem tantos outros amigos que decidiram morar na India...)

Assisti o filme em Totnes, acompanhada da minha amada amiga Celine. Me emocionei bastante, por saudades da India, pela beleza do mundo, pelo poder do amor (e talvez por estar um pouco sentimental pois era minha ultima semana de Inglaterra). Tinha lido o livro, e minha critica foi (e ainda continua sendo): boa leitura, Italia engraçadinha, India superficial e Indonesia encantadora. No final, o balanço foi positivo. O filme por sua vez foi bem similar na essência desses três lugares eu diria, mas deixou muito a desejar na parte da decisão da Liz de fazer a viagem.

No livro, o começo é fundamental e foi sem dúvida uma das partes que eu mais me identifiquei. Quando penso o que me trouxe até aqui, e é claro que não tem uma única razão, está muito conectado com o a quebra desse estereotipo que eu criei de mim mesma. O que eu quero, quem sou, o que me faz feliz. Ano passado, quando decidi morar na India, estava vivendo uma situação muito complicada e dolorida internamente, pelo menos para mim. Minha amiga foi meio sarcástica dizendo que no filme ela era uma moça mimada que cansou e largou tudo. Aqui me identifico com a Liz, no sentido de que no fundo, o que para mim parecia o fim do mundo, para outras pessoas pode ser apenas uma pequena fase. O que importa no final é o que você faz com isso, e aqui está a grande diferença. No caso dela ela encontrou esses 3 lugares para resgatar esses 3 valores. No meu caso encontrei Auroville, que de uma certa maneira engloba esses três verbos: Comer, Rezar, Amar.

Em Auroville somos mais de 4o nacionalidades, ou seja, mais de 40 diferentes sabores. Ser vegetariana por aqui é um prazer, comer e me conectar com a comida tem sido um grande desafio. Meu corpo tem reagido muito mais e me mostrado que, se ele é meu templo, eu tenho sim que refletir externamente o que tenho internamente. Assim como pensamentos, sentimentos, o alimento é fundamental para o equilíbrio do todo.

Brinquei com o Gui que ela só gostou tanto da India porque ficou 3 meses e eu já to aqui tem um ano, sem contar os outros 6 primeiros meses (que na verdade me encantaram). A India é dura. Mas ao mesmo tempo é sublime. Aprender a orar na India para mim está muito mais conectado em encontrar a paz dentro de mim, encontrar meu Deus interior. Cultura, costumes, hábitos são apenas parte do cenário externo.

Por incrível que pareça, Amar foi a parte mais fácil até agora. Talvez porque, assim como na história de Liz, essa parte do processo é um reflexo do processo como um todo. Estar feliz, fazer feliz. Aprender a amar. Me amar, amar ao outro, amar o planeta. Cuidar, deixar fluir. Cultivar liberdade, amar a jornada e não apenas o resultado final.

No fundo acho que todos temos jornadas de Comer, Rezar e Amar. Jornadas de um dia acordar e ver que queremos algo diferente, queremos resgatar quem somos, conectar com nossa alma. Acho que como primeiro passo essa experiência compartilhada por essa historia é muito importante. O desafio é dar continuidade ao processo de crescimento, de evolução.

Liz voltou para os EUA, mora perto de NY de novo... Mas continua com o charmoso brasileiro (que peloamordedeus não deveria nunca ter sido o Javier Barden....), e tem uma loja super interessante de arte Asiática!!!

E o final da minha história, como será? Essa até eu quero saber!!! :-)

Monday, November 08, 2010

São só os dois lados da mesma moeda...

Parece que as monções finalmente chegaram! Depois de um pequeno ciclone (que fiquei bem decepcionada para falar a verdade porque esperava ver muito mais vento), a chuva está realmente mostrando sua força. Com ela vem as roupas constantemente molhadas, humidade, 3 dias já sem energia elétrica, sapos gritando alucinados de felicidade e acabando com qualquer boa noite de sono, além é claro do fato de muitas vezes ser pega de surpresa na moto e tomar um banho!!!

Mas também traz muita coisa boa: o verde está mais verde do que nunca, fazer coisas a luz de velas é delicioso, dormir com o barulhinho de agua de fundo, ter tempo para ficar em casa, fazer as coisas com tranquilidade, o cheiro e a pureza do ar, simplesmente poder olhar para essa imensidão de água caindo do céu.

Minha reflexão esses dias tem estado muito conectada com essa capacidade de conseguir perceber que no fundo tudo tem dois lados e que realmente é um exercício constante vivenciar essa premissa. E muitas vezes começa com nosso simples julgamento de certo ou errado, gosto ou não gosto. Como psicóloga tenho escutado isso desde a faculdade, porém nada como o exercício da vida cotidiana para demonstrar que nada é tão simples como parece, ou tão complicado como acreditamos. Esse video resume tudo!!!!

Também tenho pensado muito no que motiva as pessoas a tomarem determinadas decisões... quais são as razões para mudar completamente suas vidas... Vejo por exemplo, que em Auroville, quase ninguém teve a mesma razão. Mais do que isso, não existe um padrão nas pessoas que decidiram vir morar aqui que nos faz poder dizer: "ah tá então são pessoas assim ou assado que decidem morar em Auroville."

Outro dia estava olhando uma grande amiga minha. Temos a mesma idade, somos fisicamente parecidas, ela é suiça. Ela tem essa "wild vibe", um jeitão assim selvagem, anda na moto super segura, estuda homeopatia, não conhece muita gente e se envolve muito pouco com as questões da vida de Auroville. Mas com a questão pratica da vida da India se dá muito bem, gosta de mato, mora em um lugar que vira e mexe tem bicho, infiltração e todos os problemas q vcs podem imaginar.

Eu sou quase que o contrário... não tenho nada de "wild vibe", vou na moto hipermegatri concentrada (porque no fundo ainda estou perdendo minha insegurança com motos), conheço quase todo mundo e estou super envolvida na vida do coletivo. Ao mesmo tempo, sou super urbanóide, morro de saudades de civilização e não posso nem imaginar o que seria de mim se tivesse que morar em um quartinho como o dela!

E como em um passe de mágicas caímos de novo na questão de que tudo tem dois lados e que geralmente julgamos muito e tentamos colocar tudo em caixinhas conhecidas. Ops, como não quero julgar, vou colocar em primeira pessoa porque pode ser que só eu seja assim... Geralmente julgo muito e tento colocar tudo em caixinhas conhecidas!!!

Acabei de lembrar daquela musiquinha do Carrossel...Nem tudo que reluz é ouro, nem tudo que balança cai.... Segue um belo clipe para lembrarmos da infância!!!

Tuesday, November 02, 2010


Uma imagem vale mais que mil palavras...